O Som ao Redor (2012)
Em tempos que os filmes brasileiros se resumem a globochanchadas, é preciso que uma película venha lá de Recife, feita por um diretor estreante, para nos mostrar que... ainda há esperanças para o cinema nacional.
Várias histórias paralelas que se cruzam, que se entrelaçam. Histórias com pessoas comuns, dessas que até parece que a gente conhece, mas... que também têm seus segredos cabulosos.
Kleber Mendonça Filho dirigiu o filme com pulso firme e domínio de técnica e, ao mesmo tempo, deixou a narrativa leve, fluida, gostosa, com uma tensão arrepiante em cada movimentação de câmera, cada gesto.
Violência é o que se respira nesse longa, crianças brincando por trás de alambrados, adolescentes namorando no canto deserto dos prédios. Uma vida medrosa se desenha por trás do concreto levantado pela corrida imobiliária, onde as pessoas moram próximas, mas pouca gente se conhece.
Mas a câmera consegue se deter a pequenos detalhes que estalam aqui e ali como pequenas bolhas de poesia, que arejam a atmosfera sufocante que toma conta de um bairro residencial da zona metropolitana de Recife.
O filme foi muito feliz em associar um suspense com um humor sutil, em ter uma fotografia belíssima, uma construção narrativa muito original e um desfecho impressionante.
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