A mão que balança o berço (1992)

No verso do DVD, vemos que é um filme "aclamado pela crítica e pelo público". Muito bem: se A Mão que Balança o Berço conseguiu, digamos, alinhar essas duas variáveis (na maioria das vezes elas são inversamente proporcionais), a nossa expectativa é grande, estamos diante de um grande filme.

Mas não é o que sentimos logo de primeira.

Numa casa feliz, com uma família mais feliz que comercial de margarina, aparece Solomon (Ernie Hudson), um deficiente intelectual, acolhido por uma ONG que ajuda quem possui alguma síndrome mental a se ressocializar. O "jogo de cena" em que ele aparece na casa parece brincar com possíveis preconceitos. Clichê do mais banal. Brutamontes, negro, deficiente... que logo se revela bondoso... que no final tem uma participação "saída-do-nada" na resolução da trama.

Trama que é, contrariando fãs e críticos, uma desgraça.

O defeito talvez esteja em ser um péssimo "terror psicológico", em que a pessoa é explicitamente má do começo ao fim, sem espaço para mudança, surpresas ou redenção. O maniqueísmo óbvio se manifesta aí.

Há uma sucessão de erros que agride a inteligência mais básica. Claire Bartel (Annabella Sciorra), a dona da casa, não buscou referências da sua nova babá; aliás, a família Bartel cai inúmeras vezes nos logros da bonita loira que fala "miando".

Se de um lado Peyton Flanders (Rebecca De Mornay) é uma psicopata-vilã-de-uma-tecla-só, as pessoas que a cercam são extremamente manipuláveis, crentes cegas da "primeira impressão" das coisas.

Faltou densidade do roteiro. A história está traçada em seu jeitão esquelético, buscando a eficácia das cenas ao invés de formatar melhor as personagens, dar mais caldo, substância. Não há nuances, a história tem a sutileza de um hipopótamo.

No final, o que fica? Que Peyton Flanders é uma louca, e só. Claire é uma asmática, uma mulher rasa feito um pires, insegura, que no último momento vem com heroísmo não muito convincente. O marido (Matt McCoy) oscila entre um "banana", um vulnerável em trair a esposa e um marido ideal dos romances comerciais femininos.

O que se salva?

Talvez a direção correta e "limpa" de Curtis Hanson, a atuação de certa forma interessante, sem histrionismos, de Rebecca De Mornay.


A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO
(The Hand That Rocks the Cradle)
DIREÇÃO Curtis Hanson
ELENCO Annabella Sciorra, Rebecca De Mornay, Matt McCoy, Ernie Hudson e Julianne Moore.
PRODUÇÃO (EUA, 1992, 110 min.)
AVALIAÇÃO l (ruim)

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