O Gato de Madame (1956)
Sem sombras de dúvida,
O Gato de Madame é o filme de Mazzaropi mais exibido na televisão e nas
mostras a ele consagradas. Filmado nos últimos suspiros da Companhia
Cinematográfica Vera Cruz, agora com o sugestivo nome de "Brasil
Filmes", O Gato de Madame desde seus créditos iniciais tem uma meta
bem definida: parodiar os filmes policiais norte-americanos.
De fato, um dos
melhores filmes de Amácio Mazzaropi. Por quê? Bem, é um dos poucos filmes do
comediante paulista que possui "um só fôlego" de situações
engraçadas, do começo ao fim, o que torna O Gato de Madame uma atração
agradável para o formato de televisão.
O nonsense é
quem dita as regras da trama, com direito a um encontro inusitado com D. Pedro
I, um concurso de miss promovido pela Fábrica de Tecidos Kenta (dando o
trocadilho Miss Kenta) e ser confundido com uma alma penada em um centro
espírita.
É daí que Mazzaropi
obteria material para explorar, anos mais tarde, essa perigosa comicidade nas
cenas de espiritismo de mentirinha, fazendo, ao mesmo tempo e na ambiguidade do
humor, sátira e retrato do sincretismo religioso brasileiro.
Mazzaropi é o
engraxate Arlindo, cuja mulher vive brigando com ele por causa do pouco
dinheiro para sustentar a casa. Ao sair para comprar a boneca de aniversário
para sua filha, acaba sendo perseguido por um gato que se afeiçoa por ele. O
gato, na realidade, é um bichinho fujão de estimação de uma mulher cheia de
dinheiro. A mulher oferece uma recompensa de muitas cifras, recompensa essa que
chama a atenção de uma quadrilha de bandidos, bem no estilo dos vilões mafiosos
dos antigos filmes americanos. Com essa quadrilha à sua sombra, Arlindo se mete
nas maiores confusões para escapar ileso, entregar o gato à dona, abocanhar a
recompensa, e chegar a tempo em casa para entregar a boneca à filha...
Cercado por beldades
da época, o solteirão Mazzaropi (sobre o qual alguns biógrafos especulam ser
homossexual) nos traz uma comédia maluca do pobre que fica rico, comédia essa
que funcionou como um interessante "casamento" entre Abílio Pereira
de Almeida e Agostinho Martins Pereira. Dando a tônica de um filme
policialesco, o gato da madame parece, insistindo nas mesmas fórmulas mas com
roupagem diferente, seguir o filão de filmes contracenados com o lendário cão
Duque.
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