Jeca Macumbeiro (1974)
Possivelmente o pior
filme de Amácio Mazzaropi. Talvez porque tenha sido capa da revista Embrafilme
ao ganhar o prêmio de campeão de bilheteria, que o "cineasta das
multidões" tenha relaxado mais ainda a mão.
Já foi dito várias
vezes que os últimos filmes de Mazzaropi vão deixando de ser filmes, e se
tornando uma espécie de circo-teatro filmado. É engraçado que, ao lado de uma
equipe de técnicos considerada uma das melhores do País, e utilizando recursos
muito à frente daquilo que os outros cineastas dispunham, Mazzaropi conseguisse
descuidar do argumento, do roteiro e da direção.
Pirola é um pobre
caboclo, que recebe a inusitada visita de um amigo seu, o velhinho Nhonhô.
Nhonhô pressente a morte, e dá de presente ao pobre matuto um saco cheio de
dinheiro. Pirola não sabe o que fazer com o dinheiro, e acaba confiando o saco
para o seu patrão, Januário (Joffre Soares).
O personagem de Joffre
Soares é um pai-de-santo fajuto, às portas da falência, que acaba tramando algo
para ficar com o dinheiro do pobre Pirola. O restante do filme é um amontoado
de tentativas de Pirola para reaver o dinheiro.
Com o sucesso
comercial de "O Exorcista" [William Friedkin, 1973], houve uma
enxurrada de filmes que apelavam para o sobrenatural, que vai desde o pornô "The
devil in Miss Jones" [Gerard Damiano, 1973] ao terror tupiniquim de "O
Exorcismo Negro" [José Mojica Marins, 1974].
É tirando proveito
dessa situação que Amácio Mazzaropi não só faz um filme
"sobrenatural", mas contrata um dos atores do filme de Zé do Caixão,
o Joffre Soares, para fazer papel do macumbeiro impostor.
O
Jeca Macumbeiro irrita com suas longas tomadas de possessão de
mentirinha. O casamento flutuante da filha de Pirola com o filho de Januário, a
mãe portuguesa maligna, Januário que enrola com aquele saco de dinheiro, a
trupe de cangaceiros que, de tão bondosa, chega a ser inumana... tudo isso
chega a enfastiar.
Como se não bastasse,
o maestro Lagna Fietta nos dá seu tiro de misericórdia, com a horrorosa canção
"Lavadeiras do Amor", que mais parece um daqueles machistas e
coloridos comerciais radiofônicos dos anos 1950.
Será que tanto relaxo
aconteceu porque Geny Prado não contracenara com Mazzaropi? Aliás, por que ela
não apareceu nesse filme?
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