O Jeca e a Freira (1967)


Na maioria dos filmes de Amácio Mazzaropi, existe aquilo que costumo chamar de "maniqueísmo quadrado".

Além de polarizar o mundo de sua ficção em bem e mal, em dois lados bem definidos e demarcados, as diferenças entre os dois lados são bem gritantes, bem exagerados. O homem mau sempre é ganancioso, perverso, inconsequente, truculento, violento. O homem bom é sempre ingênuo, distraído, manipulável, vítima. No entanto, depois de várias complicações rocambolescas, o bem, mais por uma questão deus ex machina, vence, triunfa no final.

O Jeca e a Freira segue bem essa cartilha. Em uma fazenda no interior do Brasil, provavelmente no século XIX, seu senhor de terras Pedro, vendo a extrema pobreza de Sigismundo (Mazzaropi), um de seus colonos, resolve responsabilizar-se pela educação de sua filha. O que não estava escrito no gibi é que Pedro acabaria tendo uma afeição doentia pela menina.

Anos mais tarde, quando a jovem regressa do colégio em companhia de uma freira, o fazendeiro Pedro faz de tudo para que ela não reconheça seus verdadeiros pais. Ela está louca para encontrar um namorado e se casar, mas Pedro vai a trancando cada vez mais na casa grande.

Até que um dia ela descobre a verdade.

Um filme tocante de Amácio Mazzaropi, onde já podemos nitidamente perceber que o drama vai abocanhando cada vez maior parte de suas comédias, deixando o riso para um segundo plano.

Comentários

Anônimo disse…
Filme que tem importância historiográfica, Mazzaroppi foi um cineasta capaz de realizar seus projetos, numa época em que não havia agências de fomento. Mas, o roteiro de O Jeca e a Freira é muito incoerente, o que prejudicou a realização. Filme só para fãs de Mazzaroppi.

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