Betão Ronca Ferro (1970)


As paródias que Mazzaropi fez em sua carreira aconteciam mais pelo título ou pela aproximação temática, mas nunca pela essência do enredo. Quer dizer, Mazzaropi queria tirar proveito de certas constantes do gosto popular à época, mas sempre fiel ao seu estilo de fazer filmes, nunca fazendo concessões.



Uma pistola para D'Jeca tem pouco ou quase nada de Django; O Exorcista pouca coisa acrescentou aos filmes Jeca Macumbeiro e Jeca contra o Capeta. Logo, a novela Beto Rockefeller, fenômeno extraordinário da TV brasileira entre os anos de 1968 e 1969, nada tem a ver com este Betão Ronca Ferro.

É, sem sombras de dúvida, o filme mais "sincero" de Amácio Mazzaropi. Ele presta uma grande homenagem aos artistas mambembes e ao circo. O circo foi sua iniciação artística, sua escola, e, para todos os efeitos, as influências artísticas que Mazzaropi sofrera vieram do picadeiro. É inegável o amor que Mazzaropi tem às artes circenses; o filme é todo contemplação e festa em mostrar os números sob a lona, o riso da plateia, o esperado aplauso.

O circo sempre teve uma posição interessante para o cinema. Desde O Circo (1928) de Chaplin ao popularesco Os saltimbancos trapalhões (1981), esta representação artística autenticamente popular foi homenageada com um quê de mágico.

Betão Ronca Ferro soa um tanto quanto autobiográfico. E aqui parece que tanto o seu jeitão histriônico de atuar quanto a trilha sonora de fanfarra de Hector Lagna Fietta se justificam extraordinariamente, se encaixam com incrível justeza.

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