O Grande Xerife (1972)
Há dois símbolos que
realmente marcaram a filmografia de Mazzaropi. Se nos primeiros filmes, seus
personagens sempre ficaram marcados com um veículo caindo aos pedaços, nos seus
filmes mais recentes, a vez ficaria para uma espingarda torta.
É realmente incrível
que, em tempos de radicalização política, Mazzaropi colocasse nas mãos de um
xerife uma espingarda torta para colocar a ordem e a paz na pequena Vila do
Céu. Se Amácio Mazzaropi fosse um expoente do Cinema Novo, poderíamos até
ajustar os óculos nos olhos e supor, superiores, uma sátira aos métodos
truculentos da Ditadura... Ou a incapacidade de defesa do povo... Mas, quem
sabe?
O Grande Xerife é um bangue-bangue
pastelão com suas tinturas de comédia. Inácio Pororoca (Mazzaropi) é chefe do
correio local, viúvo e pai de Mariazinha, uma caipirinha meiga. Por ser chefe
dos correios e o mais antigo morador de Vila do Céu, Pororoca sabe da vida da
cidade inteira, inclusive das autoridades.
É aí que chega em Vila
do Céu o bandido João Bigode, que mata o xerife da cidade e, por gozação, acaba
nomeando Pororoca em seu lugar. O que era para ser uma brincadeira acaba sendo
levado a sério pelos moradores e pela administração de Vila do Céu. Armado com
uma espingarda torta, o xerife Pororoca se meterá em muitas confusões para
colocar João Bigode atrás das grades.
Engraçado é que João
Bigode acaba se disfarçando de padre para fazer seus crimes e não ser pego pela
Polícia. Com sua insistência em pedir dinheiro aos fiéis para reformar a
igreja, acredito que O Grande Xerife geraria muito mal-estar se fosse
estreado atualmente, com os nossos sempre evidentes pastores-empresários e a
polêmica Teologia da Prosperidade.
Comentários