O Corintiano (1966)
Se perguntarmos a qualquer pessoa se ela já
ouviu, pelo menos, falar de Amácio Mazzaropi, a resposta “sim” virá quase
sempre acompanhada pela lembrança do filme O Corintiano.
Um dos maiores clássicos de Mazzaropi é,
também, a sua mais famosa realização.
O que não é por pouco, visto que ele leva para
a tela grande uma das maiores e mais apaixonadas torcidas do Brasil. O clube
Corinthians, fundado em 1910, marcou, juntamente com outros clubes de futebol
antigos, a vida de várias gerações de brasileiros.
Mazzaropi era corintiano. O seu filme não só
traduz sua paixão pelo “esporte bretão”, como diria Jorge Ben, mas seria a mais
célebre “cartada de mestre” do comediante paulista, em apostar em uma trama que
é tão próxima e palpável da realidade do povo brasileiro. Povo esse que pagava
os ingressos para assistir as suas películas.
Talvez seja difícil entender o que seria da
carreira de Mazzaropi sem O Corintiano. É incrível notar a convicção do
velho Mazza, na década de 1960, em se consagrar no gosto popular e a sua
percepção em colocar na tela grande anseios, paixões e expectativas do grande
público.
Mazzaropi é Mané, um barbeiro fanático pelo
Coringão, a ponto de não cobrar os fregueses que apresentam carteirinha de
sócio. Mané tem um vizinho, o italiano Leontino (Nicolau Guzzardi), que é
palmeirense roxo, e todas as vezes que os dois se cruzam, trocam farpas e
gozações. Mas a paixão de Mané causa uma desestruturação familiar e econômica
na sua casa. O filho mais velho quer ser médico, a filha quer ser bailarina, e
os sonhos dos dois são constantemente ridicularizados e postos à prova pela
rabugice do pai.
O roteiro e a direção são de Milton Amaral, um
dos mais constantes parceiros de Mazzaropi na fase preto e branca (na colorida,
seria a vez de Pio Zamuner). O Corintiano é uma de suas comédias mais
engraçadas onde, o espetáculo do povão (o futebol) também dá espaço ao
espetáculo da elite (o teatro), como se Mazzaropi pretendesse dar ao longa um
tom educativo.
Geraldo Bretas (1911-1981), considerado um dos
mais polêmicos comentaristas de futebol do rádio, faz sua contribuição no
filme, ao lado de Pedro Luiz (1919-1998), um dos maiores e mais precisos narradores
da crônica esportiva de todos os tempos.
Talvez uma das maiores comédias brasileiras de
todos os tempos, O Corintiano talvez seja o filme que eternizou a figura
de Amácio Mazzaropi na história cinematográfica do país.
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