Uma Pistola para Djeca (1969)


O sucesso estrondoso que o filme do diretor italiano Sergio Corbucci (1926-1990) fizera em 1966 não passaria despercebido aos olhos de Mazzaropi. Django seria tão logo abrasileirado, teria em breve a sua paródia mazzaropiana, chamar-se-ia Djeca.

Uma pistola para Djeca é, por excelência, paródia aos western spaghetti, como são chamados os filmes italianos de faroeste. O figurino, os cenários, a trilha sonora, até mesmo determinadas sequências, tudo é construído para alimentar essa atmosfera de filme de cowboy. O figurino que o diga, com cores vibrantes, escandalosas até, principalmente os vestidos das moças.

Um baile é o que abre o filme, o que já denuncia a preocupação artística do mais novo colaborador da PAM Filmes, o diretor Ary Fernandes (1931-2010). Mazza era um cômico intuitivo, adorava improviso e sempre modificava em última hora alguma coisa do roteiro, do argumento. Se aqui e ali existiu o esforço de dar ao fluxo narrativo mazzaropiano um acabamento razoável, principalmente no quesito plástico e formal, esse mérito deverá ser dado, sem quaisquer sombras de dúvida, a Ary Fernandes.

Como quase todos os personagens do Mazzaropi, Gumercindo é um homem pobre e honesto que trabalha para um fazendeiro inescrupuloso. Sua bela filha Eulália fora seduzida pelo filho do fazendeiro, Luiz, e engravidara. Oito anos se passaram, e a criança sofre por não possuir um pai. Aí explodem as reviravoltas, com o mais do mesmo: vilões monotons e poderosos, uma solteirona dando em cima do nosso herói, ode à pobreza, o catolicismo rústico e seu deus ex machina, o humor triste e desencantado.

A fotografia cheia de colorido, exuberante e "limpa" de Pio Zamuner (1935-2012) e a trilha sonora sem muitos excessos de Hector Lagna Fietta têm seu mais alto momento na cena de tiroteio entre os amigos de Gumercindo e os capangas do coronel, assumindo de vez a feição de faroeste caboclo do filme.

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