A Banda das Velhas Virgens (1979)


Não é raro que Mazzaropi associe seu humor a certa chulice, e dessa associação mostre ao público uma inusitada poesia. Se em épocas onde a produção cinematográfica nacional se resumia apenas às pornochanchadas, um título como "A Banda das Velhas Virgens" parece querer apenas tirar proveito da moda do momento.

Em busca de um efeito dramático, Mazzaropi pesa a mão no enredo. Gostoso (Mazzaropi) é regente de uma bandinha formada por beatas idosas. Gostoso também trabalha para um fazendeiro ganancioso chamado Gerôncio. Tem dois filhos. A filha, Dorinha, que namora Raul, o filho do patrão... e Nestor um rapaz, de cadeira de rodas, que namora a filha do patrão...

Está bem que Mazzaropi mostra ousadia em fazer um filme que tenta pôr em pauta a inserção social dos deficientes físicos. Mas parece usar isso como um instrumento para o drama fácil, o que irrita ao colocar a namoradinha de Nestor como uma inescrupulosa que usa o rapaz apenas para se "libertar" das amarras do pai.

Todo esse namoro provoca a fúria de Gerôncio. Gostoso, expulso das terras de Gerôncio, acaba morando no lixão. O que mais uma vez nos deixa de calça justa: a ousadia de Mazzaropi em retratar a disparidade social das pessoas além da linha da miséria que apostam na reciclagem como único meio de subsistência, e a maneira como Mazzaropi veicula isso tudo, como pontas de lança para um sentimentalismo banal.

É possível que o título do filme tenha servido de inspiração para a banda paulista “Velhas Virgens”, que iniciou a trajetória em 1986.

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