Meu Japão Brasileiro (1964)
A filmografia de Amácio Mazzaropi é uma
verdadeira fábrica de vilões monotons. E, na maioria das vezes, esses vilões
são fazendeiros, homens de posse, homens de grana que mandam e desmandam numa
terra de ninguém.
Meu Japão Brasileiro conta a incrível história de uma comunidade
rural nipo-brasileira que é explorada pelo emblemático “Seu” Leão, uma espécie
de intermediário entre os produtores do campo e os comerciantes da cidade. Um
agricultor chamado Fofuca, vivido por Mazzaropi, articula com os camponeses a
formação de uma cooperativa agrícola, inaugurada sob o olhar atento dos
capangas de “Seu” Leão. Com idas e vindas, o amor intenso entre o filho de
“Seu” Leão (Elk Alves) e a bela nissei (Célia Watanabe), o sequestro da mulher
de Fofuca, D. Inácia (Geny Prado), a história termina com o previsível final
feliz, o bem vitorioso, o mal derrotado.
Para Amácio Mazzaropi, cinema era espetáculo.
As pinceladas de crítica e de discussão eram coisa secundária na estrutura
narrativa do filme. A presença dos japoneses parece que possui apenas
justificativa plástica, visual: ao inserir os elementos culturais, o colorido,
as danças, as vestimentas, em um momento de grande valor no filme. E é uma
simpatia transbordante pelos japoneses que o filme transmite para o público,
tornando-se uma das mais belas películas do Mazzaropi, apesar do seu habitual
primitivismo na linguagem cinematográfica.
A fotografia de Rodolfo Icsey, considerado à
época um dos mais lúcidos fotógrafos do cinema brasileiro, consegue captar a
explosão de cores e a intensidade rural, luminosa e rica dos cenários
utilizados, mostrados por suas câmeras distantes em planos gerais.
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