Portugal... Minha Saudade (1973)


Portugal... Minha Saudade é o filme mais triste que Mazzaropi já fez.

Se comparando com Um Caipira em Bariloche, seu filme anterior, notamos que Mazzaropi insiste não só na "pegada" de "internacionalizar" o seu Jeca, como também em demonstrar desajustes familiares.

A diferença está, justamente, em vermos esta fórmula melhor trabalhada que na película antecessora.

É, talvez, o único filme de Mazzaropi em que a história consegue ser maior que o comediante; em que a trama consegue permanecer (do começo ao fim) em um plano muito acima que os trejeitos teatrais-circenses e a chulice ingênua do Jeca de Amácio Mazzaropi.

Afinal, o velho Mazza construiu boa parte de sua filmografia em cima de uma filosofia de "cinema de ator": filmes que eram ele, a sua comicidade, as suas falas, o seu jeitão na tela grande. E só.

Em Portugal... Minha Saudade, isso não acontece, vejam que interessante.

Esse é um filme que dificilmente se enquadraria na qualificação de comédia. O humor está pontuado aqui e ali, mas o que reina é o drama, em tudo: nas várias cenas de tragédias, dor, separação, morte, abandono, ingratidão, na trilha sonora plangente apesar de alguns momentos de luminosidade.

Desgraça pouca é bobagem no roteiro assinado por Amácio Mazzaropi. Neste que seria "um dramalhão deslavado" como o próprio comediante chamaria, o que marca é a versatilidade do ator em representar dois papéis distintos no filme, sem muito daquilo de caipira estilizado, histriônico e caricato que foi, por anos, a identidade constante de seus personagens.

É visualmente interessante e é também um filme de história tocante e marcante em toda a carreira de Amácio Mazzaropi.

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