Mad Max (1979)

Uma coisa precisa ser dita. Mad Max faz parte de um panteão de fábulas contemporâneas do cinema mundial. Não é exagero colocá-lo lado a lado de histórias como Exterminador do Futuro (1984) e Robocop (1987) – em especial, às histórias “inaugurais” das franquias. São metáforas muito bem-acabadas, numa feitura pop, que lançam bases para um mundo muito próprio, além de oferecer um olhar muito diferente e crítico sobre homem moderno.

 
A diferença – e originalidade – em relação às citadas franquias é que Mad Max desenha um futuro decadente, precário, brutalizado. Um retrocesso à barbárie.

Em uma Austrália pós-apocalíptica, motoqueiros sádicos aterrorizam aquilo que restou da civilização. Em um mundo de escassez, pessoas matam e morrem por combustível.

O filme é uma aventura solitária de Max Rockatansky (Mel Gibson em início de carreira), um policial destemido que declara guerra contra os motoqueiros selvagens que assassinaram cruelmente a sua família.

Em seu primeiro longa, George Miller faz um filme baixo-orçamento, com poucos recursos e muito sangue nas veias. Seu maior trunfo está na história, com destaque na perseguição de carros. Miller quer realmente fazer jus à palavra ação.

Há também uma caracterização quase expressionista dos personagens. Ou seja, a falta de recursos do diretor novato – e um ar um tanto tosco do filme – torna-se elemento que agrega valor à narrativa.

Os motoqueiros são uma espécie de cangaceiros neo-punks, homens brutalizados pelas máquinas – embora com alguns lances homoeróticos sutis –, uma gangue nômade que espalha o caos por onde passa. O filme toma então um aspecto de “faroeste motorizado”, permitindo-se assim algumas leituras.

Crítica à Revolução Industrial? Pode ser. Ao mesmo tempo em que desenha o homem dependente das máquinas, o contraponto é justamente um mundo de recursos escassos. O vício da gangue é a velocidade, mas... como manter isso no pós-apocalipse.

Mad Max começa sem prólogos. E termina sem uma conclusão muito bem caracterizada. Mas o filme por si só se basta.

Comentários

Postagens mais visitadas