E.T. - O Extraterrestre (1982)
Nascido para ser eterno
Apreciar novamente o clássico do Spielberg foi uma experiência linda. Aliás, sempre é uma experiência linda. Ele consegue arrancar suspiros nostálgicos, principalmente por quem o viu pela primeira vez na infância.
Em meados dos anos 90, o filme já era um tanto antigo, mas de magia insuperável. A belíssima história de amizade entre um humano e um ser extraterreno é de uma atualidade tal que é impossível de se passar ileso. É uma obra apaixonada e apaixonante, tanto para quem cresceu com ele quanto para as novas gerações. Mesmo de uma simplicidade genial, de uma singeleza tocante, ele consegue ser mais profundo e complexo que muitas fábulas e sci-fi contemporâneos.
Se por um lado há a amizade forte, laços que fundem e confundem as essências de Elliott e o E.T., há também a saudade que o ser tem de sua casa, no espaço sideral. Essa contradição confere uma "humanidade" para o extraterrestre, uma complexidade; de certa maneira, uma pureza que só encontra eco em Elliott.
Spielberg pode até tentar fazer filmes de adultos. Conseguiu arrancar aplausos com seu "A Lista de Schindler" [1993]. Mas, sua maior identificação será dos filmes para todas as idades. E "E.T. - O Extraterrestre" é um desses eternos clássicos, de se ver inúmeras vezes, e ainda se emocionar como se fosse a primeira vez...
O roteiro de Melinda Mathison é considerado por muitos estudiosos de roteiro um exemplo clássico a ser seguido, uma estrutura a ser imitada, já que consegue ser um roteiro até que didático na esquematização dos blockbusters. A trilha de John Williams, um de seus mais belos e expressivos trabalhos. A história é uma fábula moderna, uma crônica da vida americana dos anos 80, retratando fielmente sem tomar prós nem contras. A alimentação por fast-foods, a latinha de Coca-Cola sendo aberta em um momento e outro do filme, a realidade dos pais separados, os equipamentos eletrônicos.
Mas a amizade, o apego, a separação... são temas fortes que desgeografizam totalmente o filme, universalizando-o. Sem metáforas complicadas, sem desvarios artísticos, devaneios estéticos, é um filme que nasceu para ser eterno.
Nem tem muito o que se falar. Ao lado do épico "Edward Mãos de Tesoura" [Tim Burton, 1990], Labirinto do Fauno [Guillermo del Toro, 2006] e Coraline [Henry Selick, 2009], E.T - O Extraterrestre é um conto fantástico contemporâneo de força surpreendente.
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