Na rua ao lado

Não faz tanto tempo assim...
Naquele tempo eu dizia
Você nasceu pra mim
E eu nasci apenas pra você
Quando à sua porta eu lhe chamava
A gente se amava
De mãos dadas
Bocas seladas
Era na calçada, era na rua
Na rua ao lado.

A rua trazia o seu encanto
As crianças pareciam brincar com mais alegria
A luz do dia não dava voz ao pranto
Pranto do medo que eu tinha de te perder.
O amor parecia ganhar a sua rua
E sem o brilho da lua
De dia mesmo
A paz vinha com romantismo original
Através da musiquinha do gás.

Nas coisas simples
O amor se mostrava complexo
Completando-nos
Como o côncavo e o convexo.

Era puro sonho
Mas a hora de acordar chegou
Desmanchando como a escrita na areia que o mar levou
Sem pedir licença nem dar aviso
Uma briga aconteceu
Tudo o mais se escafedeu
Foi o fim...

Hoje não passo mais na rua ao lado
Se bem que não me falta vontade de lá ir.
Às vezes imagino
Diante dos cacos dos meus sonhos
Que ainda exista amor em nós.
Embora o orgulho nos faça convencer que não...

Às vezes acho mais fácil
Partir para o fim do mundo sem pensar
E deixar-se consumir pela infelicidade e solidão
Do que vencer meio quarteirão somente
Para ser feliz de todo o coração e um pouco mais
Repousado apenas na doce paz dos seus braços
Na rua ao lado.

(2006)

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