O Exterminador do Futuro – A Salvação (2009)

Para quem acreditava que o Exterminador acabava no segundo filme (1991), eis que ele consegue chegar ao quarto capítulo.
 
O Exterminador do Futuro – A Salvação tem todas as coisas boas e ruins de uma superprodução. Defeitos e qualidades que são ampliados quando se pretende continuação de uma obra já consagrada. Efeitos especiais incríveis, um elenco de alta octanagem... mas uma história distante, sem o “espírito” original de James Cameron. Tanto é que nem Cameron gostou do filme, nem Arnold Schwarzenegger.
 
O filme é ousado, e desde o começo já desaprova o contorcionismo que o terceiro da franquia fez, entre inovar e manter. As mudanças são drásticas: a história se passa no futuro, o filme não começa com o Exterminador surgindo no tempo presente... aliás, nem tem o “Carvalho Austríaco” no elenco, apenas uma reconstituição sem graça em CGI.
 
A alteração mais radical na história é apresentada sob a forma de um ser híbrido – metade homem, metade máquina – chamado Marcus Wright (Sam Worthington), que, embora com capacidades incríveis, não abdicou de sua humanidade.
 
Ora, nos primeiros filmes, as máquinas eram vistas com um misto de terror e fascínio. O que havia de crítico, até mesmo de “filosófico” nas obras fundadoras da franquia, era justamente essa contraposição entre homem e máquina. No T2, embora a máquina consiga se “humanizar”, o fantástico final coloca as coisas em seus devidos lugares.
 
Pois bem. Em T4, tudo muda de figura. Aqui há uma espécie de “redenção” às máquinas. Quer dizer, a guerra é entre homens e máquinas, mas aparece um Robocop, um ente do “terceiro time”.
 
O roteiro é interessante, mas tem mais buracos que um queijo suíço. Há uma profusão de ideias, misturadas em liquidificador. O diretor McG – pseudônimo de Joseph McGinty Nichol – era um nome surgido de seriados e clipes, com As Panteras (2000) e sua continuação (2003) no currículo.
 
Até que faz um bom trabalho, mas não consegue fazer milagres com um roteiro assim na mão. Christian “Batman” Bale está sem sal no papel do messiânico John Connor. Talvez o mais interessante seja o adolescente Kyle Reese (Anton Yelchin), acompanhado da garotinha surda (Jadagrace Berry).
 
De qualquer maneira, T4 surge como aquele filho rebelde que, querendo tanto se diferenciar e distanciar dos pais, vive o dilema de pouco se parecer com eles e de não possuir uma cara própria. Não deixa de ser, portanto, um filme legal, bacana, “da hora”, como tantos e tantos outros filmes badalados e esquecíveis.

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