O Exterminador do Futuro (1984)
Não
há porque eu me preocupar com spoilers.
É praticamente impossível que você, até o presente momento, ainda não tenha
assistido O Exterminador do Futuro.
Houve uma época – nos idos anos 90 – que esse filme tinha presença cativa nas
tardes e noites dos principais canais da TV aberta.
Estamos
falando de um clássico, um cult da
ficção científica, um filme icônico da década de 80. Um pontapé inicial – e
muito bem certeiro, diga-se de passagem – de um dos mais emblemáticos pilares
da cultura pop.
E,
sem sombras de dúvida, um dos trabalhos mais belos e bem-acabados do diretor
James Cameron.
Num
mundo futurista, pós-apocalíptico, especificamente na Los Angeles do ano de
2029, as máquinas inteligentes estão em guerra contra os poucos humanos que
ainda restam. Neste contexto, um ciborgue assassino chamado de “Exterminador”
(Schwarzenegger) é enviado para o presente (1984), para matar a Sarah Connor
(Linda Hamilton), futura mãe do líder da resistência. A estratégia é brilhante
na sua simplicidade.
Kyle
Reese (Michael Biehn), um sobrevivente do futuro também é enviado para 1984,
para interceptar o robô, salvar Connor e, num aspecto mais amplo, não só salvar
o futuro, mas também “gerá-lo”.
O
roteiro é inteligente e econômico, perfeitamente casado com uma técnica sóbria
de filmagem. Arte dramática pura – nas perseguições de carros, inclusive. O Exterminador do Futuro é o resultado
de um leitor assíduo de Philip K. Dick que se descobriu fã ardoroso de George
Miller.
Reese
é a perfeita antítese do Exterminador. Enquanto Reese é o “cúmulo” humano, o
medo, um quê de atabalhoado, caótico – o Exterminador é a personificação da
eficácia, da implacabilidade.
É
realmente interessante constatar que não houve melhor papel para Arnold
Schwarzenegger que o de Exterminador. E creio que nunca mais haverá.
Principalmente o vilão deste primeiro filme da franquia. O ciborgue serviu nele
como uma luva. É difícil – para não dizer impossível
– vê-lo em qualquer filme e não encontrar a mesma atuação mecânica, engessada,
o gestual lento e nada à vontade, o repertório pobre de expressões, a voz
monocórdia com forte sotaque. Não à toa que Arnold era conhecido, à época, de
“Carvalho Austríaco”. Um fisiculturista – portanto, um não-ator – vindo de
filmes menores, seriados de TV e o sucesso Conan,
o Bárbaro (1982), encarnou de tal maneira o ciborgue assassino (ou o papel
fora feito sob medida para ele?) que isso, de fato, tornou-se num marco, num
“personagem-prisão” para Arnold Schwarzenegger.
E
aqui já encontramos um Cameron obcecado pela parte técnica do cinema, desde a découpage do roteiro até pelo visual e
efeitos especiais, mesmo sendo um filme de orçamento modesto.
É
isso que merece ser frisado. Ao contrário de suas (super) produções mais
recentes, em Exterminador, a história
é maior do que as imagens – ainda que impressionantes.
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