O Exterminador do Futuro – A Rebelião das Máquinas (2003)

Hollywood não conhece pontos finais. E, mais ainda: tem um apreço gigante em criar trilogias. De uns tempos para cá, parece que a indústria cinematográfica se tornou incapaz de contar uma história em menos de três longas.
 
A regra, mais ou menos, tem se repetido à exaustão. O primeiro filme apresenta a história, os personagens, os conflitos principais. No segundo, há um esforço em delinear contexto, aprofundar as questões lançadas no primeiro. E no último, logicamente, o desfecho, a conclusão, o encontro das pontas soltas.
Portanto, por doze anos, fazer de Exterminador do Futuro também uma trilogia foi, sem sombras de dúvida, uma ideia tentadora demais.
Mas o problema por si só já era gigante. Os dois primeiros filmes foram conduzidos por Cameron, o que lhes garantia certa coesão. E Cameron nunca manifestou entusiasmo em continuar a franquia. Além do mais, a história se resolvia tão bem no segundo filme (1991), que pensar num terceiro – me desculpe – seria mero oportunismo.
E eis que O Exterminador do Futuro – A Rebelião das Máquinas estreou nos cinemas, nas férias escolares, em meados de 2003. É uma homenagem um tanto honesta ao legado de Cameron, mesmo sem esconder as suas reais motivações mercadológicas. Ainda fica preso ao esquema de inversões dos dois primeiros filmes. No primeiro (1984), Arnold é o ciborgue assassino – a sua melhor atuação, com certeza –, no segundo ele é o “bonzinho”... e no terceiro, o que resta, afinal? Resta o bonzinho que se torna malvado pela ação de um vírus.
A história começa já se “atualizando”. Enquanto os primeiros filmes batiam na tecla que o apocalipse nuclear ocorreria em 1997, o filme mostra que isso não aconteceu – mas que só foi adiado. Tanto os roteiristas quanto Jonathan Mostow – de U-571 (2000) e Breakdown (1997) – tentam inserir algumas novidades, na calça justa de ir além sem sair do lugar, de inovar mantendo a mítica da franquia intacta. O filme todo é essa ginástica.
Uma das novidades dessa continuação é a letal e gostosa Terminatrix (Kristanna Loken), vinda do futuro para exterminar John Connor (Nick Stahl). É claro que o ultrapassado modelo T-100 também virá do futuro para detê-la. Sem contar o improvável “par romântico” entre Connor e Kate Brewster (Claire Danes), cujo “determinismo implacável” destrói completamente a ideia de “você é quem escreve o seu destino” apresentada no início do filme.
E outra. Ver John Connor como um “babaca” é uma novidade desagradável, pois joga uma baita pá de cal na interpretação impecável do garoto Edward Furlong em 91 – na época, Connor era um jovem problemático, mas já exteriorizava um talento para o comando, uma liderança natural e inerente. A morte da mãe não só desestabilizou John, mas foi capaz de descaracterizá-lo. Cadê aquele Connor?
A narrativa oscila em momentos de humor – ainda que involuntário – e sufocantes e descerebradas cenas de ação. Lançado dentro do contexto do “bug do Milênio” – e após os atentados de 11 de setembro de 2001 –, utilizando-se de exagerados efeitos especiais, o filme de Jonathan Mostow, apesar de tanto apreço de fã, é uma estrela menor na franquia. Mas tem lá o seu charme.

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