Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Johnny Depp e Penélope Cruz garantem a química do filme

Uma franquia que já faturou no mundo cerca de US$ 2, 7 bilhões, "Piratas do Caribe" é um fenômeno da cultura pop, galinha dos ovos de ouro para os estúdios Disney e para seu produtor Jerry Bruckheimer. É engraçado como o público se apaixonou novamente pelos filmes de pirata, já que é um estilo em cinema há muito desaparecido. Embora seus fãs rejeitem a ideia, Piratas do Caribe bebem das águas da série "A Múmia", grande bilheteria nos anos 90, por razões óbvias: são filmes pretensamente históricos, remotos, onde o sobrenatural e o fantástico aparecem para justificar os efeitos especiais. Não são os únicos, mas são os que mais nos saltam à memória, em relação ao gênero que os consagrou.



É certo que grande parte do sucesso se deve ao impagável Jack Sparrow, personagem defendido por Johnny Depp. Depp sempre teve atuações marcantes na esfera cult, lhe dando grande prestígio perante a Crítica. Por anos foi o pupilo do genial Tim Burton, marcando com personagens excêntricos e desacertados. De certa forma, Jack Sparrow não foge muito do tipo constante da galeria dos personagens de Depp. Mas seu jeitão caricato, parodístico, cheio de maneirices e super bem humorado angariou as simpatias do público de todas as idades.

"É um filme com roteiro irregular, mas com inesquecíveis cenas em 3D"

Este último Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas relata uma busca épica pela Fonte da Juventude. Jack Sparrow agora terá que "enfrentar" um antigo affair, a belíssima e perigosíssima Angelica (Penélope Cruz). A espanhola está esfuziante no papel, e contracenando com o Johnny Depp, garante toda a química necessária para fazer o filme acontecer. Em contrapartida, parece que os personagens secundários não tiveram um tratamento merecido, exceto talvez o imundo Pirata Barba Negra (Ian McShane), que é pai de Angelica. Até mesmo o religioso fortão me pareceu deslocado, mesmo com os esforços de colocá-lo em franca oposição ao Barba Negra. Sua função até agora razoável, mais do que protagonizar no filme o único beijo na boca, é servir de contraponto ao fanatismo religioso dos espanhóis.

Tentando ser rocambolesco, com voltas e reviravoltas, como uma parceria não tão parceira assim entre Sparrow e Barba Negra, e depois Sparrow e Barbossa (Geoffrey Rush), uma coisa pelo menos foi boa: o maniqueísmo aparece de modo esgarçado na película, não há aquela divisão rígida de mocinhos e bandidos. No entanto, isso fez com que todos os personagens "patinassem no gelo", em esbarrões caóticos. Há um esforço em falar frases de efeito. A cena com as sereias piriguetes é estonteante em salas de projeção 3D. É interessante constatar que o briguento Barbossa, agora corsário a serviço do Rei, não renunciou sua alma pirata, mesmo de peruca e tentando ser fino. Os espanhóis têm importância tangencial na trama. A espanhola Angelica garante (ou pelo menos esboça) momentos calientes, mas pudera, é filme feito para público livre.



É um filme com roteiro irregular, mas com inesquecíveis cenas em 3D. Não mantém a qualidade dos anteriores. Seu diretor, Rob Marshall (Chicago, Nine, Memórias de uma Gueixa) é um homem vindo do teatro, e até mesmo aquela cena do salão real onde é palco de uma coreografia de lutas, é cena de musical. A primeira trilogia é assinada por Gore Verbinski, que esteve afastado deste último por estar engajado em um projeto particular.

O filme está em Cannes. A crítica dará uma ou duas estrelinhas com parcimônia. Mas, não deixe de aproveitá-lo neste fim de semana, com muita pipoca e refrigerante. E os oclinhos mágicos, é lógico.

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