O opaco existencialismo do meu blog

E lá vou eu abusar dos clichês do blog, usar aquela linguagem surrada, aquele despejar de sentimentos incontidos, praguejar um pouquinho quando passeio cansado pelas luzes amarelas e artificiais da Praça da Sé, a minha respiração bem próxima de mim, e tento fazer silêncio de pedra e trago pressa aos meus passos, já que é um transtornado psicologicamente que vem em minha direção, e minha carteira leva o dinheiro suado do mês, meu coração bate descompassado, tenho medo de ser roubado, e quero levantar as mãos para os céus ou abrir bem os meus olhos para melhor entender os meus dias, faço-me de surdo para me envolver nos meus próprios pensamentos como cão que persegue o próprio rabo, me faço de tolo, sou um livre pensador calado cá com as minhas idéias, e se verdade há nas esquinas do velho Centro, tropeço nas quinas do piso antiqüíssimo tentando encontrar essas verdades, e tremulo as minhas mãos pondo em ordem os meus papéis, dou o meu riso tentando entender a ordem que se impôs no mundo, me decepciono, mergulho nos cadáveres de poesia apaixonada, vejo que meu papo existencialista é opaco feito gordura, frita o meu cérebro, embota as lentes de quem me lê, folha suja rascunhada com desconchavo neste blog que, diga-se lá, se esforça por ser galante.

Comentários

Postagens mais visitadas