Star Wars – O Despertar da Força (2015)
O filme mais incrível do ano, sem quaisquer sombras de dúvida. Valeu a pena a espera.
Os fãs tremeram quando a imprensa noticiou que um novo episódio de Star Wars – após compra da empresa de George Lucas pela toda-poderosa Disney – estava para sair. A notícia soou como uma derrota da Aliança Rebelde pelos exércitos do Império.
Star Wars tem presença cativa no imaginário de várias gerações de cinéfilos. A saga superou as próprias falhas técnicas e narrativas – em sua maior parte, excessos e deficiências de George Lucas –, tornando-se uma mitologia singular e autossuficiente.
Portanto, um novo filme teria um risco enorme de descaracterizar a saga, ainda mais com o peso do “selo Disney”. O despertar da força seria um balde de água fria tanto ou maior quanto foi a trilogia “nova”.
Quando pensamos na trilogia “nova” – os episódios I, II e III, lançados entre os anos 1999 e 2005 –, já nos lembramos de imediato do excesso de computação gráfica, de algumas cenas anêmicas e, logicamente, do personagem Jar Jar Binks, o mais irritante e dispensável da série.
Mas, enfim, o mistério acabou. E Star Wars – O Despertar da Força, felizmente contrariando as análises mais pessimistas, é um filme incrível, que vai arrancar lágrimas, risos e palmas do grande público.
O enredo se passa três décadas depois dos acontecimentos contidos no desconcertante “O Retorno de Jedi” (1983).
O Universo agora é outro, e está sob ameaça da misteriosa Primeira Ordem, uma espécie de grupo fascista que surgiu dos destroços do antigo Império. Luke Skywalker desapareceu, e tanto a Primeira Ordem quanto a Resistência têm interesse em encontrá-lo.
As peripécias desencadeiam a partir de um achado. Poe Dameron (Oscar Isaac), piloto a serviço dos rebeldes, encontra um mapa que mostra o paradeiro de Skywalker. Mas, para não entregá-lo ao sombrio Kylo Ren (Adam Driver), um dos chefões da Primeira Ordem e um tipo de Darth Vader requentado, Poe esconde o mapa no "fofo" droide BB-8.
O droide vai parar no desértico planeta Jakku, e seus caminhos cruzam com os da catadora de lixo Rey (Daisy Ridley) e, logo depois, com os de Finn (John Boyega), um ex-soldado stormtrooper que se rebelou contra o próprio Exército.
Falar mais sobre o filme é desrespeitoso, embora seja cada vez mais difícil se manter incólume à avalanche de spoilers que pipocam todos os dias na Internet.
Entretanto, podemos encarar esse filme como uma espécie de transição, onde rostos conhecidos estão entregando o bastão para que uma turma de sangue jovem siga adiante. O elenco jovem está sensacional, em especial a atriz Daisy Ridley, com seu carisma incrível. Mas é o elenco veterano que arrancou as mais acaloradas palmas da público no dia da estreia.
Star Wars – O Despertar da Força é um filme excepcional. J.J. Abrams é o diretor que a saga precisava. Ele é respeitoso com o legado de George Lucas, e todos os elementos que fizeram Star Wars ser o que é estão lá. Abrams conseguiu atingir a sua meta, de fazer um filme que se sustente por si só, mas que também se harmonize com todos os outros.
O filme tem um cuidado de artesão com os momentos dramáticos, tensos, as reviravoltas e resoluções. As transições são geniais. Nada falta, nada sobra. Tudo acontece no momento certo, com a duração correta, mostrando que Abrams tem um tino apurado de ritmo, uma direção vivíssima.
Há humor, muita ação, e tudo acontece numa narrativa fluida, leve e dinâmica. Os diálogos são saborosos. A química dos atores, a mise-en-scène, está sensacional. Muitas surpresas, muitos achados, roteiro incrível.
Abrams equacionou magistralmente a difícil fórmula de manter e inovar. Comparando com outras estreias em 2015 de filmes de franquias já consolidadas - como O Exterminado do Futuro – Gênesis e Mad Max – Estrada da Fúria, ouso afirmar que Star Wars VII atingiu patamares que eles não alcançaram.
Numa época pautada pelos filmes “brucutu”, Star Wars VII brilha justamente pelo humor. Acreditava-se que seria o item mais prejudicado. Abrams trabalha com sensibilidade. O sétimo episódio respira totalmente a trilogia “clássica” – os episódios IV, V e VI, de 1977 a 1983 – que carrega os melhores momentos da saga.
E ainda digo mais. Com esse sétimo episódio, prova-se a sina que os melhores episódios do Star Wars são aqueles em que a direção fora entregue para pessoal mais competente que George Lucas.
STAR WARS: O DESPERTAR DA FORÇA
(Star Wars: The Force Awakens)
DIREÇÃO J.J. Abrams
ELENCO Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac
PRODUÇÃO (EUA, 2015, 135 min.)
AVALIAÇÃO ««« (ótimo)
Mas, enfim, o mistério acabou. E Star Wars – O Despertar da Força, felizmente contrariando as análises mais pessimistas, é um filme incrível, que vai arrancar lágrimas, risos e palmas do grande público.
O enredo se passa três décadas depois dos acontecimentos contidos no desconcertante “O Retorno de Jedi” (1983).
O Universo agora é outro, e está sob ameaça da misteriosa Primeira Ordem, uma espécie de grupo fascista que surgiu dos destroços do antigo Império. Luke Skywalker desapareceu, e tanto a Primeira Ordem quanto a Resistência têm interesse em encontrá-lo.
As peripécias desencadeiam a partir de um achado. Poe Dameron (Oscar Isaac), piloto a serviço dos rebeldes, encontra um mapa que mostra o paradeiro de Skywalker. Mas, para não entregá-lo ao sombrio Kylo Ren (Adam Driver), um dos chefões da Primeira Ordem e um tipo de Darth Vader requentado, Poe esconde o mapa no "fofo" droide BB-8.
O droide vai parar no desértico planeta Jakku, e seus caminhos cruzam com os da catadora de lixo Rey (Daisy Ridley) e, logo depois, com os de Finn (John Boyega), um ex-soldado stormtrooper que se rebelou contra o próprio Exército.
Falar mais sobre o filme é desrespeitoso, embora seja cada vez mais difícil se manter incólume à avalanche de spoilers que pipocam todos os dias na Internet.
Entretanto, podemos encarar esse filme como uma espécie de transição, onde rostos conhecidos estão entregando o bastão para que uma turma de sangue jovem siga adiante. O elenco jovem está sensacional, em especial a atriz Daisy Ridley, com seu carisma incrível. Mas é o elenco veterano que arrancou as mais acaloradas palmas da público no dia da estreia.
Star Wars – O Despertar da Força é um filme excepcional. J.J. Abrams é o diretor que a saga precisava. Ele é respeitoso com o legado de George Lucas, e todos os elementos que fizeram Star Wars ser o que é estão lá. Abrams conseguiu atingir a sua meta, de fazer um filme que se sustente por si só, mas que também se harmonize com todos os outros.
O filme tem um cuidado de artesão com os momentos dramáticos, tensos, as reviravoltas e resoluções. As transições são geniais. Nada falta, nada sobra. Tudo acontece no momento certo, com a duração correta, mostrando que Abrams tem um tino apurado de ritmo, uma direção vivíssima.
Há humor, muita ação, e tudo acontece numa narrativa fluida, leve e dinâmica. Os diálogos são saborosos. A química dos atores, a mise-en-scène, está sensacional. Muitas surpresas, muitos achados, roteiro incrível.
Abrams equacionou magistralmente a difícil fórmula de manter e inovar. Comparando com outras estreias em 2015 de filmes de franquias já consolidadas - como O Exterminado do Futuro – Gênesis e Mad Max – Estrada da Fúria, ouso afirmar que Star Wars VII atingiu patamares que eles não alcançaram.
Numa época pautada pelos filmes “brucutu”, Star Wars VII brilha justamente pelo humor. Acreditava-se que seria o item mais prejudicado. Abrams trabalha com sensibilidade. O sétimo episódio respira totalmente a trilogia “clássica” – os episódios IV, V e VI, de 1977 a 1983 – que carrega os melhores momentos da saga.
E ainda digo mais. Com esse sétimo episódio, prova-se a sina que os melhores episódios do Star Wars são aqueles em que a direção fora entregue para pessoal mais competente que George Lucas.
STAR WARS: O DESPERTAR DA FORÇA
(Star Wars: The Force Awakens)
DIREÇÃO J.J. Abrams
ELENCO Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac
PRODUÇÃO (EUA, 2015, 135 min.)
AVALIAÇÃO ««« (ótimo)
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