Lírio Partido (1919)

Em “Lírio Partido”, há uma curiosa antítese de Griffith. Quer dizer, há uma maneira de filmar totalmente em contraste do jeito grandioso e épico consagrado pelos seus filmes anteriores, os monumentais “O Nascimento de uma Nação” (1915) e “Intolerância” (1916). É sua obra menos conhecida e, paradoxalmente, a mais bem-acabada.
 
E a mais bela, também.
 
Singelo e tocante, o filme é quase um “teatro filmado”. Uma obra enxuta, econômica, contida, contando uma história com um quê de banal, envolta num cenário exuberante (ao retratar a pobreza de um vilarejo da zona portuária de Londres e o “colorido” dos motivos chineses).
 
A narrativa é simples. O amor proibido entre uma garota pobre (Lillian Gish – 1893-1993) e um missionário chinês desiludido (Richard Barthelmess – 1895-1963) é o tema dessa pequena obra-prima. Ainda que se faça ressalvas ao chinês fake de Barthelmess, “Lírio Partido” é um filme cuja força está no lirismo, na poesia, em um certo misticismo deste conto trágico de amor e de dor.
 
Vale destacar a engenhosidade da fotografia, obcecada em obter o mais perfeito enquadramento do rosto de Lillian Gish, a musa do cinema mudo. Em “Lírio Partido” ela está mais linda do que nunca.
 
 
LÍRIO PARTIDO
(Broken Blossoms or The Yellow Man and the Girl)
DIREÇÃO D. W. Griffith
ELENCO Lillian Gish, Richard Barthelmess, Donald Crisp, Arthur Howard e Edward Peil Sr.
PRODUÇÃO (EUA, 1919, 90 min.)
AVALIAÇÃO (muito bom)

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