Birdman (2014)

O filme é todo ousado, quer na forma, quer no conteúdo. Michael Keaton está ótimo em seu papel, Riggan Thomson – um ator que ganhou fama e dinheiro com a franquia “Birdman”, há mais de vinte anos, mas rejeitou continuar, a fim de fazer algo mais artístico.

Agora estamos às voltas com Riggan dirigindo e estrelando uma peça na Broadway, baseada no conto do escritor norte-americano Raymond Carver (1938-1988) “Do que Estamos Falando Quando Falamos de Amor” (1981).

O filme tem mensagens que se entrelaçam. Do ator que quer se reinventar; também sugere a discussão sobre essa tensão entre a arte, e a fábrica de celebridades que é Hollywood. Tudo é motivo para uma crise existencial de Riggan, que oscila entre a prepotência e a insegurança. Há, no filme, um gostoso retrato sobre fama e relevância numa era tão pautada em virais e selfies.

Iñárritu faz um metafilme “ostentação”, tão cheio de referências, maneirismos e ambiguidades. Não é à toa que reuniu tanto ex-atores de franquias de super-heróis, como é o caso do próprio Keaton (da franquia Batman, de Tim Burton), Norton (de Hulk) e Emma Stone (Gwen Stacy, de "Espetacular Homem-Aranha 2").

Norton faz o papel de Mike Shine, um talentoso e arrogante ator de teatro à la “Actors Studio”, que será a pedra no sapato de Thomson. Stone faz Sam, a única filha de Thomson, problemática, que acaba de sair de uma clínica de reabilitação.

“Birdman” alterna entre real e imaginário, a lucidez e a loucura – e entramos no inferno pessoal de Riggan, seus problemas familiares, financeiros, a tensão em estrear a peça a qual ele apostou tão alto. Sem contar que o filme todo é filmado num único plano-sequência, reforçando a teatralidade, a metalinguagem, com uma trilha sonora pautada apenas em solos de bateria. O filme é nervoso, alucinado.


E o final é ambíguo, onde o tom derrotista do longa deixa no ar uma estranha e fantástica volta por cima.

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