Tim Maia Racional (1975)

Dificilmente a panfletagem religiosa produz clássicos. Pelo menos na música das últimas décadas. Mas quando Tim Maia gravou o seu (mítico) álbum de 1975, alguma coisa tinha virado sua vida pelo avesso.



As músicas do disco todas dizem uma só coisa, "leia o livro Universo em Desencanto". Apesar de ser dito no singular, trata-se da "trilogia de mil livros" escrita pelo "bispo Macedo da ufologia" Manuel Jacintho Coelho (1903-1991), o pai da seita filosófico-religiosa Mundo Racional, a qual Tim Maia tinha entrado de cabeça.

O resultado é um disco transbordante do melhor funk & soul dos 1970, um disco ensolarado e inspirado em um ritmo delirante. Tim estava feliz consigo próprio, sentimos isso na luminosidade de suas letras, e como parara de beber e fumar, sua voz estava límpida.

Foi o registro de sua melhor performance, apesar de na época, ter sido um fracasso de público e crítica. Melhor momento não só dele, mas dos músicos, do back vocal, parece que tudo está se consumindo nesse fogo de fé e devoção. O disco é um tapa na cara desses cantores de gospel comercial de hoje, mostrando que, sim, dá para cantar a religião sem descuidar da criatividade.

Mas logo depois o cantor se desiludiu, mandou recolher o álbum, e se arrependeu amargamente por toda a sua vida, até mesmo de falar dele.



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