Candinho (1953)
O grande momento na carreira de Amácio Mazzaropi viria com o filme Candinho. É nele que o comediante, pela primeira vez na tela grande, casaria de modo único e inconfundível seu estilo cômico com o estereótipo do caipira paulista. O resultado seria, em quase todos os filmes que se seguiriam, utilizado à exaustão.
Abílio Pereira de Almeida parece que levou muito a sério as pesadas críticas da imprensa da época, de que os dois últimos filmes de Mazzaropi foram "mal dirigidos". Porque é só agora (1953) que Abílio toma consciência de que trabalha para a poderosa Companhia Cinematográfica Vera Cruz. O filme tem toda a pujança típica dos estúdios da Vera Cruz: várias locações, uma quantidade gigante de figurantes, uma história rocambolesca, até parece que o diretor mobilizou uma cidade inteira para fazer o registro de cada cena.
É incrível ver Mazzaropi contracenar com o sambista e nunca sempre lembrado humorista da Era do Rádio, Adoniran Barbosa. E é interessante observar Mazzaropi fazer cenas de relativa carga dramática, levando o público facilmente às lágrimas e às gargalhadas.
A história é, de certa forma, paródia do clássico "Cândido", do filósofo francês Voltaire. O otimista incorrigível da novela voltaireana, o prof. Pangloss, vira, através da mente de Abílio, o Prof. Pancrácio (Adoniran Barbosa). Desde Sai da Frente que o mestre Abílio insiste em nomes bizarros e falas pomposas, e canalizar esses vícios no personagem Prof. Pancrácio é, "sem duvidamente" a sua melhor realização.
Na carreira de Mazzaropi, podemos considerar Candinho um marco. Pois é nele que começa um esforço para a construção da identidade do "jeca", o caipira estilizado e imortalizado por Mazzaropi.
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