Chuva. Noite. Fevereiro.

A chuva cai lá fora.




Meu Deus! Hoje eu sinto o quanto você me faz falta.
A noite me mete medo, como coisa sinistra,
e eu me lembro daqueles dias
que no seu abraço, querida, eu não temia chuva.
Talvez do meu peito então saíssem sóis que explodissem como granadas de sentimento em um lindo céu,
enquanto as águas de algo bom nos levavam para bem longe...

E a chuva cai.

Naqueles dias, a felicidade morava em meu sorriso.
Eu sentia aquela coisa, sabe?
Que é como espinho no peito e que nos deixa como que alcoolizados
e que os poetas chamam de AMOR...
O amor como chama, que era a cor nada óbvia dos meus dias;
a fonte que esteve presente e jorrando
ou uma festa, com confetes multicoloridos, acontecendo em uma sala muito grande de minha alma.

- E lá fora a chuva cai.

As gotas explodem e tornam-se orquestra.
E eu me levo por essas notas lindas, flutuo até
como se eu pudesse tocar os Céus com meus dedos
e eu toco em você.

E ando
por uma estrada musical e colorida.
Você está ao meu lado,
e sei que dentro de mim irradia e arde uma vontade estranha
gigantesca
De entrega, sacrifício e dedicação.
Estender meus braços para trazê-la rente ao peito meu
em um abraço apertado, como numa fusão de essências,
uma adoração ascética, uma paixão animalesca:
O amor e o sexo.

Eu então acordo. Vejo que é sonho.
E a chuva cai.

Nós nos fazemos de difíceis
e muros crescem assim cada vez mais sólidos.
Minhas lágrimas fazem companhia com a chuva
que rega plantas, vidas e flores como profissão

- E percebo que nunca lhe mandei flores –
pois no desabrochar sensual do novo tempo
que vem para substituir o velho (e disso você sabe muito bem),
parece que a poesia latente de todas essas coisas fraqueja:
Ela se dissolve como guache na sarjeta se dissolvendo
porque caiu de uma mão que firmeza alguma possuía,
e eu pensava seriamente em lhe fazer uma aquarela...

A chuva cai.

Vem comigo, talvez agora consigamos
subir aqueles lindos montes onde o sol é mais,
e amar a vida como o Amor nos ensina de verdade
e nos fazer melhor como quem entende a perfeição.
Talvez seja isso viver.
Correr, aprender, sonhar
falar coisas intensas na luz da manhã.
Palavras voarão de nossas bocas como anjos,
como pétalas aladas, açúcar, perfume: música aos ouvidos... afago.
Mas... cadê você? Tento lhe encontrar
mas a pergunta se repete... de igual modo a procura...

E a chuva cai.

As gotas não entendem os males de quem ama.
Elas caem, e caem umas atrás das outras
E o vento às vezes vem.

Lembra quando o vento balançava os seus cabelos?
Eu achava bonito e apaixonante, porque esse vento que agora roça em meus cabelos me faz lembrar sim
daquelas vidas que eram nossas, que deixemos para depois mas que ficaram para trás,
um verso lindo que o Tempo desbotou um dia...

E a chuva cai.

A noite atravessa meu sonho, e é direção.
Você é real como o é a distância,
mas você não está mais aqui.
Os segundos continuam caminhando...
...para onde? Não sei.

A sede de te amar me sufoca.
Meus dedos apalpam o vácuo e o desespero...

Mas não morro.
Vivo chego à conclusão que
a felicidade é como a pomba que às vezes foge quando pensamos dela nos aproximar.
Você fugiu de mim como raio fugindo das nuvens;
eu fugi como quem tem da Vida medo e pavor de seus lindos lábios de mel.
Agora só penso em você com saudades,
e isso é o meu inferno em chamas.

E a chuva cai, sempre, nesta triste noite de fevereiro.

Comentários

Isis Dani Morais disse…
Amei e li acima que és pesquisador, uma sugestão de leitura meu caro:

http://www.clubedeautores.com.br/authors/33985

ahh detalhe: O autor é meu pai.

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