O Exterminador do Futuro — Destino Sombrio (2019)
Atenção! Spoilers!
Chegamos, então, ao sexto capítulo da franquia O Exterminador do Futuro. Precisávamos? Eu sempre fico com esta pergunta na mente quando começam os créditos iniciais de mais um episódio.
É, de novo, um esforço em reafirmar a canonicidade dos dois filmes iniciais; firmar o pé em uma trajetória própria ao mesmo tempo em que atropela todos os esforços que ocorreram de lá para cá.
É inegável: contando com este, já tivemos quatro filmes que reivindicavam para si o título de “terceiro filme”. Quatro! Todos querendo continuar aquilo que em 1991 se encerrava de modo magistral e praticamente definitivo. E nenhum levando muito em conta o trabalho anterior, com exceção, é lógico, de Jonathan Mostow. O seu O Exterminador do Futuro: A Rebelião das Máquinas (2003), vendo em retrospecto, até que é um filme corajoso.
Destino Sombrio estreou quatro anos depois do razoável Gênesis (Alan Taylor, 2015).
Ora, prestando atenção nos burburinhos de bastidores e assistindo ao filme, entendemos que ele é o resultado possível de uma titânica queda-de-braço entre o diretor Tim Miller (do elogiadíssimo Deadpool) e o produtor (e pai da criança) James Cameron.
O filme começa com uma novidade interessante. Em 1998, em um momento tranquilo, o Exterminador T-800 (Schwarzenegger), de modo sorrateiro, consegue eliminar John Connor e, com ele, o futuro da Resistência.
Vinte e dois anos depois, um Exterminador avançado, o modelo Rev-9 (Gabriel Luna), é enviado para a Cidade do México para eliminar a jovem Dani Ramos (Natalia Reyes). Mas os planos dele são frustrados por Grace (Mackenzie Davis), uma “humana aperfeiçoada” que alterna picos de alto desempenho com momentos de extrema exaustão.
Assim, o filme segue o movimento clássico da franquia: já que não se pode aniquilar o Exterminador, deve-se fugir dele. É nesse momento que Sarah Connor (Linda Hamilton) entra em cena. Ela, sem o filho, tornou-se numa mulher amarga que caça Exterminadores. Sarah recebe do futuro mensagens criptografadas detalhando as coordenadas onde os Exterminadores aparecem. De época em época sempre surge um com a missão de desbaratar por antecipação uma futura liderança da Resistência. Dani, por exemplo.
Assim, as três garotas de gênio forte tentam fechar num acordo difícil sobre o que fazer diante de uma força implacável e indestrutível que é o Rev-9.
Lá pelas tantas, Grace traça o destino para Laredo, Texas, a partir de uma mensagem recebida por Sarah. Chegando ao local, é enorme a surpresa ao encontrar o velho T-800, o mesmo que matou John. O robô não só desenvolveu uma consciência, mas adotou uma família humana e atende pelo nome de “Carl”.
Estamos agora diante de um filme que pulsa na mesma frequência que o filme de 2003. Mas, ainda assim, carente de brilho dos dois filmes já clássicos.
Muita gente disse que o sexto filme flopou. Flopar é uma gíria de internet para dizer que algo foi um fracasso. Se isso for verdade, imagino que os predecessores tenham esgarçado o poder de envolvimento que a história um dia já teve. Também, pudera: tanto reboot, chega uma hora que cansa. Ou talvez a saga já não tenha mais o mesmo espaço no coração do público que consome cultura pop do que em vinte, trinta anos atrás.
Até entendo: comparado com o sucesso acachapante, quase unânime, de Coringa (Todd Phillips, 2019), eu vejo que a crítica e o público se encontram nos filmes de verniz mais adulto, em que violência e psicologia caminham lado a lado e que trazem também certo frescor e energia inventiva. Aliás, Tim Miller se projetou com um filme com essas características. Porém, pelo que parece, na briga com o produtor, prevaleceu um filme de política simples, com alguma rotina imaginativa, ainda que alinhado aos ventos do nosso tempo. Os tempos são outros, afinal. O público agora quer representatividade.
O filme, no geral, me surpreendeu positivamente. Ele tem uma boa noção de todo, de ritmo, trazendo uma ótima alternância entre tempos fortes e tempos fracos (algo vital em qualquer blockbuster). Traz diálogos cortantes, muito humor, momentos dramáticos, reviravoltas... Como em Star Wars: O Despertar da Força (J. J. Abrams, 2015), é um filme que traz o carisma de personagens icônicos enquanto aposta em novas caras.
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