Invencível (2014)
Angelina Jolie tem um fascínio por grandes histórias e uma queda por retratar dramas humanos em meio à barbárie. Já víamos isso em sua estreia na direção, com o péssimo “Na Terra de Amor e Ódio” (2011).
Mas, mesmo diante dessas falhas que denunciam uma diretora mais insegura do que ansiosa, Jolie nos brinda com uma comovente história de vida, de fé, de combate, de bravura, sem apelar para o melodrama, em uma forma de cinema clássico.
Se há sinceridade nesse gesto, e isso pode ser encarado como a grande qualidade do longa, ele também pode ser interpretado como defeito. Até porque, Jolie bebe das fontes de um Spielberg em seus piores momentos: o Spielberg ufanista, americaníssimo, patriota, quadrado, maniqueísta, edificante, moralista. E personalista como Eastwood, também em seus momentos pouco inspirados.
O olhar feminino nas batalhas pode até privilegiar a amizade, a lealdade dos soldados, mas enfraquecem de emoção os tiros, o rodopio dos aviões de guerra.
Angelina Jolie persegue a incrível história do ítalo-americano Louis Zamperini (1917-2014), personagem de Jack O’Connell (da série Skins). Zamperini tem altos e baixos superlativos. Da infância pobre e marginal, ao status de um maratonista famoso, ao soldado americano na Segunda Guerra Mundial, cujo avião é abatido, passa mais de 40 dias à deriva, e quando consegue chegar em terra firme, cai em mãos inimigas. Não sabemos se Zamperini é um cara de muito azar ou de muita sorte, mas a sua sobrevivência dá a tônica para o título do filme.
O'Connell tem uma atuação distante, fria, e isso prejudica também a força de seu personagem. Outro personagem desperdiçado é o comandante japonês Watanabe (Miyavi), forte antagonista de Zamperini.
O filme traz a tese de que todas as guerras são iguais, e que não há guerras boas. Mas, mais do que um filme de inspiração e superação, A.J. quer falar que o maior de tudo é o perdão. É essa a sua mensagem principal.
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