Pombos
- Mãe...
- Que é, menino?
- Não faz isso.
- O quê?
- Isso, mãe. Dar arroz pros pombos...
- Por quê?
- Porque eles são sujos, mãe. Mãe, eles transmitem doenças. São até chamados de "ratos de asas"...
- Mas eles estão com fome!
- Mas é errado!
- Larga de frescura, menino. Os pombos aqui são tudo limpinho. Olha aquele branco ali, bonitinho. Tá vendo? Tá até fazendo barulho de alegria!
- Mas mãe...
- Olha o rajadinho querendo roubar o arroz do pretinho...
Cruzei meus braços, me amuei, enquanto minha mãe parecia se divertir. Eu poderia até ter argumentado mais, tentado ser lógico e impertinente, mas... um pensamento brilhou mais forte em minha mente como um relâmpago. E ribombou forte em meu espírito traquinas de canceriano birrento.
- Menino!
Num gesto rápido e brusco fiz minha arte, e os pombos voaram, espavoridos, espalhando arroz e penas para todos os lados.
E em meus lábios desenhou-se um sorriso sádico... sob os protestos de minha mãe...
Na longínqua Itaquá de minhas lembranças, eu sempre vejo aquele céu azulado tão cheio de pipas, recheado de nuvens de crepom, e aquele ar eternamente empoeirado, amarelo e esgarçado como fotografia de papel. E os pombos fazendo barulho, arrulhando, à sombra daquela frondosa pata-de-vaca.
- É boa pra diabete - dizia minha mãe, observando aquelas folhas em formato de coração, aquelas flores rosadas lotadas de estames.
E era naquela sombra também que eu filosofava com meu cão, em uma semi-solidão quase poética de ricos ensinamentos.
- Você está aí, é?
- Sim, mãe. Por quê?
- Olha ali. Os pombos voltaram.
Olhei, e fiz cara de nada quando vi os pombos em maior número. E o sol do entardecer despencava sobre minha cabeça, enquanto meu cachorro, com a língua de fora, ensaiava despreocupadamente a sua risada mais uma vez.
- Que é, menino?
- Não faz isso.
- O quê?
- Isso, mãe. Dar arroz pros pombos...
- Por quê?
- Porque eles são sujos, mãe. Mãe, eles transmitem doenças. São até chamados de "ratos de asas"...
- Mas eles estão com fome!
- Mas é errado!
- Larga de frescura, menino. Os pombos aqui são tudo limpinho. Olha aquele branco ali, bonitinho. Tá vendo? Tá até fazendo barulho de alegria!
- Mas mãe...
- Olha o rajadinho querendo roubar o arroz do pretinho...
Cruzei meus braços, me amuei, enquanto minha mãe parecia se divertir. Eu poderia até ter argumentado mais, tentado ser lógico e impertinente, mas... um pensamento brilhou mais forte em minha mente como um relâmpago. E ribombou forte em meu espírito traquinas de canceriano birrento.
- Menino!
Num gesto rápido e brusco fiz minha arte, e os pombos voaram, espavoridos, espalhando arroz e penas para todos os lados.
E em meus lábios desenhou-se um sorriso sádico... sob os protestos de minha mãe...
Na longínqua Itaquá de minhas lembranças, eu sempre vejo aquele céu azulado tão cheio de pipas, recheado de nuvens de crepom, e aquele ar eternamente empoeirado, amarelo e esgarçado como fotografia de papel. E os pombos fazendo barulho, arrulhando, à sombra daquela frondosa pata-de-vaca.
- É boa pra diabete - dizia minha mãe, observando aquelas folhas em formato de coração, aquelas flores rosadas lotadas de estames.
E era naquela sombra também que eu filosofava com meu cão, em uma semi-solidão quase poética de ricos ensinamentos.
- Você está aí, é?
- Sim, mãe. Por quê?
- Olha ali. Os pombos voltaram.
Olhei, e fiz cara de nada quando vi os pombos em maior número. E o sol do entardecer despencava sobre minha cabeça, enquanto meu cachorro, com a língua de fora, ensaiava despreocupadamente a sua risada mais uma vez.
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