Faca Facada
Em um encontro casual, sugerida por uma noite quente cálida, noite criança, garota fatal se mostra sorridente em minha periferia imoral, e converso com ela, e acaricio seus cabelos, e falo frases de poesia sincera, olhando bem nos seus olhos lindos e fingidos, e o restaurante desabotoa em cores, ela magnífica naquele vestido macio que de tudo mal dava para ver um pouco dela, corpão sensual, pouco dizendo, sorrindo com luminosidade, ela linda e eu principiando a ficar bêbado.
E nos braços que se abraçam, não mais ali, mas bem mais longe, em um canto mais propício, tranquilo, fumegante, céus e mares afagam o infinito, como mares se estamos no meio da grande metrópole? como céus, se nuvens pesadas se aglomeram aqui e ali, sufocando as estrelas? mel de beijos, soluços, suspiros, cama de fogos de artifício e confetes mil, é onde que eu me debruço, é onde meus problemas esquecem de mim e eu deles, é onde o celular vibra, toca, e eu não tenho pressa de ver quem é, quem me persegue, quem me atormenta, mas ela logo depois parte, singra, corta, parte, embarca para fora e para longe de minha vida, e cadê a força para detê-la? mas não dá para gritar, aceitar muito menos, recaio apenas na minha tristeza tão triste, tão funda feito lama de poço...
Ela vai embora, por quê? porque não é de ninguém, ela passarinha em outros terreiros, porque em seu mundo eu sou caça e não caçador, ela vai embora, embora tenha suas recaídas místicas, sua ostentação de segurança que não convence a ninguém, seus valores petrificados que são frágeis feito uma estátua de manteiga sob o sol do meio dia, mas ela ainda ocupa meus pensamentos doentes, sua ausência é uma coisa dolorida, sem nome no meu peito, talvez seja amor, talvez seja vontade de sexo, flecha de Cupido em meu peito, pimenta consagrada às minhas sensações de homem-macho, faca no cerne das minhas idéias, faca facada, cortando, rasgando, morte em vida que destrói meus dias melhores.
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