Você

Você
que nunca tira o véu de sorriso no rosto,
que vem
na calada da noite
flutuando por sobre as pedras da estrada.

Você
que transpôs fortalezas sem fatigar,
entrou pela janela em meu castelo de sonhos,
mudou os móveis de lugar.
Eu jamais poderia acreditar que isso fosse possível.

Não pude reagir.

Tirou de mim toda a roupa de luto
e em meu quarto escuro
a luz voltou a reinar
ofuscante e quente, intensa,
com todo o calor que o Inferno emprestou.

E eu
estava fraco, estava nu
por anos estive sozinho, cercado de pedras e panos reais.
E me deixei levar
sem perguntas, como um menino.

Você aproveitou de mim e fez o que quis,
aproveitou que as luzes da cidade estavam apagadas
e me tomou para si.

E desfaleci em seu corpo antes de raiar o dia,
senti minha vida sumindo
fugindo
ao me afogar em seus braços.



Até que a vida me encontrou no romper da manhã.

Comentários

Ananda disse…
Céus, que romãntico!

Amanhã vou te perguntar o que anda acontecendo rsrsrs.

Fernando, finalmente fisgado?

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