Eu, Você e o Tempo


Não solte as minhas mãos.
Eu sinto que o Tempo persegue nós dois
e não há para onde fugir.
A tarde paira sobre nossas cabeças como teto, como lençol, lona,
e os meus sonhos se aconchegam
se aninham
na massa de seus lindos cabelos,
já que os seus cabelos
tecem o meu poema tingido de luz e calor.

Amor,
o Tempo corre atrás de nós,
nos persegue com os seus cães e as suas lanternas.
As horas conspiram contra os nossos abreviados minutos,
mas não há o que temer.
Deus conosco está, conforme cremos.
E as horas mortas não nos amedrontam mais.

Não solte as minhas mãos – torno a dizer;
e repetindo, beijo como insano os seus lábios incandescentes
- eles prendem as palavras que enfeitam o meu verso calado.

Nessa nossa vida intensa,
o incansável Tempo se cansa, chega a morrer.
Tudo paralisa; o tique-taque suspenso
dos relógios
cede lugar às batidas de nosso jovem coração.

Porque o Amor também é percussionista,
jovem músico de raro talento, brilhantíssimo,
aplausos ele arranca – varando o silêncio vazio
que preenche a momentânea morte das horas.

Não solte as minhas mãos, querida.
Tudo há de esperar o fim de nosso gesto perfeito.
O dinamismo das coisas agoniza, diante de nossa vitalidade.
O Tempo sabe bem que podemos vencê-lo.

Assim. Simplesmente amando.

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