Amor Algoritmo

Me criticam porque eu sou romântico.
Me criticam porque desconhecem
As ruas do Amor cheias de flores que eu conheço,
e às vezes nelas cochilo, na mais branda varanda.

Porque me ensinaram desde cedo
Um conceito luminoso, colorido e cheio de vida
Que em muitos se depaupera com os problemas do seu dia,
E em outros, como eu, é um pano de fundo de uma realidade macabra.

Poesia e beijos me dão razão de vida em um mundo caótico.
Mas, coitado de mim,
Sempre tem os fracassados conformistas que se vendem
E me criticam por desconhecer eu a moeda que lhes alimenta.

Vivo sonhando acordado, com minha cabeça nas nuvens.
Porém, é preciso agir com os pés no chão, senão, estou na roça.

Mas a moça passa garbosa ali,
E não entende meus passos, meus versos, e meu tudo que caminha para vê-la.
Meu amor é sincero, é poético, profundo até onde sei.
Porém prefiro só senti-lo ao invés de explicá-lo.

Muitos me criticam,
Defendendo um racionalismo caricato, uma frieza risível.
Diante dessa tese, meu sorriso é iminente.

Sou um louco perante meus amigos,
Mas sabem bem eles que sou um profeta, ou menos que isso.
E lembro que incomodei uma tartaruga irascível e autoconfiante
que se escondia suas incertezas numa fortaleza de aço, pedra e cor desbaratinada.

Gente, preciso afinar minha lira, por isso me vou.
Respiro um ar vivificante, apesar da fumaça dos automóveis.
A aurora vencerei,
De braços dados com minha musa passearei no doce abismo dela,
Na imensidão das manhãs, meu canto preencherá o infinito.

Eu amo.
Aprendi a viver.
Eis o segredo da viva,
O milagre da morte,
Meu coração conheceu cedo a orquestra dos céus.