Dani

(Uma homenagem)

Ela tem uma história grande
Que não cabe em um livro.
Sua vida pode ser triste
Embora o seu sorriso brilhe como um grande farol da noite.

Seus pés calçam 33
Mas andam velozes nas temerosas horas noturnas.
Nas vielas onde a razão é uma piada
Seus olhos percorrem e deslumbram um mundo que ela bem conhece.
A sua mente cavalga a brisa, sem medo,
E é só o começo.

A voz que diz: "Quero!"
Dá trilha a sapatos tão vagabundos.
Pois a verdade cochila lá fora,
As nuvens caminham no alto, como fantasmas;
O amargo do pó enche-lhe as narinas.

Bahia é matador,
Seu namorado, um 157, está preso.
Ela lembra dele num sorriso de menina,
Porém, na moral do malandro, ela não apanha, não.

As mãos amarelam-se
Por seu trampo ingrato no barraco.
O rosto empalidece
Quando a nóia atinge o ponto que se busca.
A vida então decola em aventuras sinistras
Caminhando e cantando uma canção sonolenta
A qual a Morte assina a composição com ar de brincadeira.

Ela grita "Jerônimo!".

Se os sonhos da felicidade rasgam o seu céu de lucidez
Ela tem consciência do mal, mas gosta de viver perigosamente.
E se agarra a qualquer tábua esquiva de salvação
Diante de uma crise existencial própria de sua idade.

Dezoito aninhos, portando histórico fantástico.
As suas armas são caminhos para a fuga,
Quer ser feliz conforme prédicas do velho Bob Marley.
Guardando para nunca bichar algo ainda limpo
Que nenhuma nóia ou paranóia viola
Pérola,
Livre-arbítrio,
Dignidade.

Que seus sonhos de menina
Choquem-se ao terror da madrugada que atordoa.
Lágrimas rolam quando finda o segundo de prazer
Porém jamais quer ser a coitadinha.
Sofrer bem que faz parte de seu estilo de vida.

Dani,
Fracos são os véus fumacentos de qualquer baseado
Quando tentamos encontrar
A nossa razão de viver
E quando tentamos rasgar limites
Para nos chegar ao Deus que jamais dorme nas noites frias.

E mesmo na aventureira vida alternativa
Nada poderá tirar de você, Dani,
O brilho que não morreu no seu coração.

Mas não esqueça:
Esta noite morre mais um de seus caras.