Frankenweenie (2012)

É um filme bobo, mas... bonito.

E é esta a sua principal qualidade.

Talvez estejamos muito necessitados de algo assim nos dias de hoje: uma experiência cinematográfica que seja mais “plástica” que “política”.

A história do estranho garoto nerd e solitário que quer ressuscitar o seu cãozinho é de um apelo universal indiscutível. O drama é palpável; nos identificamos de imediato.

Talvez, no fim, a mensagem que se depreende do filme é o tipo de consequência que se pode ter ao trazer os mortos de volta à vida... Ou o poder do amor, que é muito a cara da Disney...

Mas não, não quero problematizar.

O delicado stop-motion em branco e preto vale apenas por aquilo que é – um entretenimento prazeroso como um parque de diversões em um dia ensolarado de férias. Sem fins nem teses, sem metáforas ocultas, sem links mentais ou fetichismos políticos.

Exceto servir de gatilho à nostalgia pura e simples, à memória afetiva de todos que cresceram consumindo imagens e mundos da cultura pop. A homenagem “fofa” aos monstros da Universal da era clássica explicita bem isso.

Lembro que, há alguns anos, certos blogueiros e cinéfilos consideravam Tim Burton uma espécie de mestre do “surrealismo pop”. Um rótulo vazio, sem sombras de dúvida, porque tenta dar alguma “respeitabilidade” ao seu ofício de grande comunicador de massa, como se isso, por si só, não pudesse ser digno de respeito.

A sua carreira é irregular, tem altos e baixos. Na corda-bamba, Tim Burton tenta satisfazer as exigências feitas à sua arte e as expectativas geradas pelo seu produto.

Percebo que, nos últimos trabalhos, ele tem mantido certa constância, bem como se dedicado ao artesanato da narrativa de um jeitão mais convencional, bem caro ao “cinemão americano”.

Tenho Tim Burton em alta conta. Para mim, ele é um tipo bem-acabado daquilo que chamo de “artesão das formas”: alguém com voz própria, identidade visual inconfundível e totalmente comprometido com o indústria de entretenimento.

E Frankenweenie é superfeliz nesse aspecto. Belo, redondo, bem conduzido e totalmente modesto – mas sincero – nas suas pretensões, digamos, mais artísticas.

AVALIAÇÃO: MUITO BOM

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