Diálogo entre um Yorkshire e um São Bernardo

Na manhã mais sem graça do mundo, os portões de metal escondiam misérias particulares. Pairava no ar uma coisa sem nome, aquele marasmo flutuando sobre os telhados como morcego.

No entanto, um diálogo insólito parecia espantar o sono daquelas janelas.

- Au au au au au au au au au au au au au au au au au au au au au au au au!

- Bau.

- Au au? Au au au au au au au au au au au auauauauauau au au auau au...

- Bau!

- Auauauauauauauauauauaau! Au auauau au au! Auau.

- Bau.

- Auauauau au...

Inútil. O Yorkshire até quis insistir, mas um Pastor Alemão velho e quase cego começou entoar um uivo triste e melódico, acompanhado pela orquestra filarmônica do caminhão de gás.

E o São Bernardo, solene como sempre, se limitou a dar um bocejo apenas, mas todo cheio de classe.

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